Estamos em julho e Portugal já consumiu todos os recursos naturais de 2019, de acordo com os dados divulgados pela Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável em parceria com a Global Footprint Network. O continente europeu não se fica atrás e o Planeta Terra vai seguir o exemplo no próximo dia 29 de julho, na data mais prematura de sempre.
O que é que isto significa? Que a capacidade do nosso planeta de regenerar os seus recursos não consegue acompanhar a procura do ser humano. Resumindo: estamos a consumir mais rapidamente os recursos naturais, transformando-os em resíduos, do que a natureza consegue transformar resíduos em recursos.
“Se cada pessoa no Planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria mais de 2 planetas para sustentar as suas necessidades de recursos”, afirmou a Zero, em comunicado. Por sua vez, a World Wide Fund, ou WWF na sigla inglesa, acrescenta que se continuarmos a consumir desenfreadamente, vamos precisar do equivalente a dois planetas em 2030 para conseguirmos sobreviver.
Será que conseguimos contrariar esta tendência? O que podemos fazer no nosso dia a dia?
Como reduzir a pegada ecológica?
Compreenda a sua pegada ecológica: o ditado popular já nos diz que conhecimento é poder. Por isso mesmo, é crucial perceber como é que os nossos hábitos de consumo impactam o meio ambiente. Desde a alimentação ao tipo de transporte, tudo pode ser melhorado.
Para ter uma ideia mais concreta, pode sempre testar a calculadora da pegada ecológica, uma funcionalidade desenvolvida em parceria pela ZERO, a Global Footprint e a Universidade de Aveiro no âmbito do projeto Pegada Ecológica dos Municípios. Atualmente, esta calculadora está disponível para seis municípios.
Se consegue ir a pé não pense duas vezes: opte por deslocar-se a pé o maior número de vezes possível. Bicicletas e trotinetes também são boas opções.
Quando precisar de utilizar transportes, opte por soluções coletivas de forma a reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera. Os novos passes sociais são um bom incentivo a esta mudança quando falamos da Área Metropolitana de Lisboa.
Se tiver necessidade de ter o seu veículo próprio, pondere opções elétricas, que neste momento oferecem alguns benefícios fiscais e têm um menor impacto no meio ambiente.
Diga não aos plásticos de utilização única: sejam as palhinhas coloridas nos cocktails, os sacos para colocar os vegetais e a fruta nos supermercados ou os talheres nas caixas de refeições takeaway, todos estes objetos e produtos contribuem muito para a poluição do Planeta Terra.
O truque? Apostar em opções reutilizáveis e biodegradáveis. Embora sejam mais caras, valem a pena.
Os sacos reutilizáveis são os seus melhores amigos: evite a compra constante de sacos de plástico nos supermercados ou os sacos de compras de plástico dados nas lojas de roupas, sapatos e afins.
Basta ter um saco reutilizável sempre consigo, seja na mala do dia a dia ou na mochila do trabalho. Desta forma não só poupa dinheiro como ajuda o planeta.
Reduzir a proteína animal é uma boa opção: sabemos que esta pode ser uma das mudanças mais complicadas para grande parte da população. Afinal, estamos habituados a comer carne ou peixe a todas as refeições. Mas não precisa de adotar uma alimentação vegetariana ou vegan para fazer a diferença.
Comece por reduzir para metade o número de vezes que consome carne ou peixe durante a semana. Esta decisão não só vai beneficiar a sua saúde e sua carteira, como vai ajudar a preservar o nosso planeta. Afinal, grande parte dos gases de efeito de estufa são gerados pela produção massiva de carne.
Não desperdice comida: faça uma lista de compras antes de ir ao supermercado, opte por prazos de validade mais longos e evite compras supérfluas. Sempre que possível, aproveite os restos para novas refeições. A sua carteira vai agradecer. O planeta Terra também.
Reduza o seu consumo energético: sim, é possível consumir energia de forma responsável e consciente. Comece por desligar todos os equipamentos que não estiverem a ser utilizados das respetivas tomadas. De seguida, pondere a substituição dos eletrodomésticos atuais por versões de classes energéticas superiores. Por fim, tenham sempre em conta as opções mais amigas do ambiente.
Com a água não se brinca: se estiver a escovar os dentes, a esfregar a loiça ou a lavar o cabelo a primeira coisa que deve fazer é fechar a torneira. Opte por duches rápidos. Reutilize a água da chuva para regar as plantas. Reduza a quantidade de água utilizada a cada descarga do autoclismo.
Estes são alguns hábitos que pode mudar e que vão fazer toda a diferença.
No consumo responsável é que está o ganho: vivemos numa sociedade habituada a um consumo desenfreado, onde os objetos se tornaram descartáveis e se compra por impulso mesmo sem necessidade. Este estilo de vida contribui para o consumo cada vez mais acelerado dos recursos naturais, utilizados na criação dos produtos e serviços que adquirimos.
Desta forma, compre apenas o que precisa, tenha atenção à forma como os produtos são produzidos, privilegie materiais recicláveis e de maior durabilidade e opte por empresas preocupadas com o meio ambiente.
Fazer a reciclagem não é uma opção: seja a separação correcta do lixo ou a reutilização e renovação de materiais e objetos mais antigos, estas atividades não são uma opção. Na verdade, são uma obrigação de todos enquanto cidadãos responsáveis e preocupados com o planeta em que vivemos.
Preparado para fazer a diferença? Está nas suas mãos.